Há coisas assim
Naquela quinta havia muitas árvores. Eram árvores de fruto.
Também havia pássaros, grandes e pequenos, uns de bico amarelo, outros de bico encarnado, outros de bico lilás... E cinzentos de penas ou pretos ou castanhos... E de outras cores.
Muitos pássaros, todos chilreantes.
Não era para admirar. Os pássaros gostam das árvores, principalmente dos frutos. E as árvores também gostam dos pássaros.
Naquela quinta só havia uma árvore sem pássaros e sem frutos. Era uma árvore triste. Sequinha de tristeza, despida de folhas, a árvore destoava, no meio daquele pomar frondoso.
Sentia-se a mais, muito desolada, muito só, muito perdida. A infelicidade ela sabia o que era.
Até que, uma noite, a árvore sonhou que se enchia de flores. Sonhou que se enchia de flores e que das flores nasciam pássaros. De que cor? De todas, até das cores que ainda não têm nome.
A árvore sonhou que os pássaros coloridos voavam à volta dela, cantando e batendo as asas.
Depois, cansados, os pássaros poisavam na árvore e transformavam-se em frutos. Frutos, já se vê, de todas as cores.
Às vezes, as árvores tristes têm sonhos assim, sem explicação nem sentido.
Mas o que depois sucedeu a esta árvore é que parece fantástico.
Calculem que, no dia seguinte, quando acordou, a árvore estava, realmente, cheia de flores - as flores que anunciam os frutos, os frutos que chamam os pássaros...
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